Peacetime

Do seu rosto suave, surgiu aquilo que um dia acharia impossível. Era complicado. Sentia-se sem sentimentos, sem forças. Era como se um abismo aparecesse e depois de tantos anos de luta, tudo voltasse à tona.

Sentiu um frio no estômago e a sensação de que estava na hora de reagir, de sorrir. Que aquela lágrima que deslizava por sua face era tão pequena e solitária que  não merecia a sua atenção pois torturava, comprimia seu coração como se nunca mais fosse voltar ao normal.

E sempre ficava à espera de alguma solução, na ansiedade de que ela batesse à sua porta e a resgatasse de seus devaneios. Mas nada. Tornando cada instante mais e mais tenebroso.

Confusões, angústias, sentimentos se misturavam numa intensidade até o ponto de seus olhos arderem.        
Debilitada, era a palavra certa para a descrever.  E os transtornos a consumiam junto ao ódio. 

Querendo tanto saber o real motivo para tudo estar fora dos eixos, apenas querendo entender a sua mente.

Perdida, sem rumo, não sabia por onde começar. Seria a solidão? Estaria tão só, que seu coração pediria socorro? Seria os seus pais? Que não dariam a atenção que necessitava? A falta de amigos ou de um grande amor? O que faltava para se sentir completa?

Teria que descobrir por si só e isso a corroía por dentro de tal forma, que surgiu outra lágrima.

Ao passo que percebeu que  aquela situação estava incontrolável e que a ultima lágrima tinha algo de especial, diferente da primeira. Como se aquela lágrima fosse tão sua, tão verdadeira. 

Repentinamente surgiu uma coragem a fim de  procurar por tudo que a atormentava. 

Aos poucos a dor foi amenizando e transformando-se em esperança. Algo que precisava para renascer como uma fênix. E o sorriso propagava em seu rosto. 

Parou, refletiu e olhou para o céu. Viu pequenas nuvens carregadas se dissipando num lindo pôr-do-sol, como um sinal de que SIM, ela podia ser feliz, mesmo com tantos obstáculos na vida.

Assim, ela chorou.  Mas dessa vez a lágrima que rolou por sua pele foi de completa felicidade.