Certa vez, deitei-me na cama como todas as noites costumava fazer, sem a menor pretensão de ter algum sonho tão real, afinal tinha que acordar cedo no dia seguinte. Cobri-me e caí no sono, um profundo sono.
Era dia, quando o sonho começou, e as janelas deixavam ultrapassar toda a luz do sol. Era uma sala de ballet. Eu a reconhecia pelo seu formato, mas nunca havia estado lá. Num canto, rescostada numa parede existia uma grande mesa de sinuca, verde, retangular e chamativa. Ao seu lado encontrava-se um rádio, velho até, mas parecia estar tocando algo. Fui chegando perto da mesa com a certeza de que estava em um sonho. Quando cheguei à mesa olhei para o lado e vi dois grandes olhos caramelados com um toque de azul em seus cantos. Não havia mais nada ali para tirar minha atenção dos olhos.
Quando percebi, estava sentada à mesa de sinuca, posta numa conversa inusitada, apenas visualizando aqueles lindos olhos amarelos-azulados. Não conseguia gravar o resto do rosto de tal, eram apenas os olhos que me fascinavam.
Então, como num passe de mágica, os olhos foram se dissuadindo, esfumaçando, e assim saíram do sonho.
E na mesma medida a música ficava cada vez mais alta.
Acordei, meu despertador insistente não parava de tremer embaixo do meu travesseiro. Passei a pensar nesses olhos todos os dias antes de me deitar, mas nunca mais os vi, para minha tristeza.
Seis meses haviam se passado e eu não conseguia esquecer aqueles olhos amarelos que insistiam em me perseguir dia e noite, foi quando aconteceu.
Estava numa praça, e alguém veio, inusitado como os olhos, devastador como tal. Chegou, revirou minha vida de cabeça para baixo. E cá estou eu; terrivelmente apaixonada por aqueles olhos e pela pessoa que os possui.
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