THE PARTY
A praça estava bem movimentada, muito colorida. Pelo visto o pessoal caprichou dessa vez, muitas lâmpadas coloridas que davam brilho e forma ao vento que de vez em quando soprava. Como prometido por Vi, estava lotada, mas minhas primeiras especulações estavam erradas, a festa estava com um ambiente bem familiar. Realmente tinha uns casais que estavam juntos, mas não estavam de pegações. Olhei de canto, fui analisando pessoa por pessoa. Fui reconhecendo certos rostos, uns bonitos, uns lindos e uns... digamos, nada bons. Pâmella começou a me arrastar para o meio da praça, fui com certa relutância, lá no meio tinha o pessoal do colégio - que eu não falava -. Nunca fui popular, não vai ser agora que eu vou me inturmar. Reconheci a maioria das faces, menos uma, que insistia em me olhar. Virei-me e fui seguindo a Vi, que estava longe de mim, atravessando a multidão. Paramos próximo a uma barraquinha que estava vendendo churrasquinho. Fiquei analisando o churrasquindo imaginando quanto seria o valor calórico de cada um, cheguei a uma conclusão de que pelo menos cem gramas deveriam permanecer no meu organismo a cada dez churrasquinhos, fiquei ali viajando enquanto tinha uma suave impressão de que minha amiga estava me perguntando algo.
-LIZ? Ta me ouvindo?
-Hã? - [aa] que ótimo! Eu realmente tinha viajado agora.
-Acabei de te perguntar se você conhece aquele garoto ali. -Ela apontou para um rapaz alto, moreno, parecia um daqueles hóspedes que eu recebia em minha pequena pousada. Até então eu não tinha reparado no garoto, então não fiquei olhando para ele.
-Não conheço não, porque?
-Ele deve ser um desses hóspedes seus, ele não para de te olhar. -Ela disse dando uns risinhos. Talvez fosse mesmo, ele tinha cara de visitante.
-É, pode ser mesmo. Agente passou por ele antes? -Eu perguntei tendo uma vaga lembrança dos olhares lançados a mim assim que chegamos aqui.
-Aham. Eu acho que ele tava com o pessoal da nossa sala. -Percebi então que o assunto sobre ele terminaria ali, quando se tratava dos outros alunos de nossa sala, ela e eu evitávamos conversinha. Nunca gostei
muito do povo popular, talvez porque eles sempre tivessem os melhores assuntos, aparentemente. Sinceramente, eu prefiro o silêncio.
-Ah ta. -Não achei uma resposta mais decente.
Resolvemos então dançar. Ela tinha feito dança de salão e a quadra - agora transformada em uma pista completamente escura - estava lotada de gente dançando zouk. Dançamos duas músicas juntas, mas logo Vi foi tirada para dançar por um garoto alto, loiro e forte - foi o que eu consegui reparar na escuridão - que a roubou de mim com tamanha vontade que eu cheguei até pensar que era sequestro, mas quando ela se entregou a dança eu me tranquilizei. Fui saindo de fininho, pela lateral, não esperava ter de encontrar alguém para me tirar para dançar, eu não queria dançar. Voltei devagar para minha querida barraca de churrasquinho. Aparentemente, aconteceu tudo muito rápido. Vi estava dançando e desapareceu num átimo, nesse mesmo eu me virei a procurando mecanicamente, nada que eu realmente estivesse fazendo conscientemente, e lá estava ele. Lindo, alto, moreno, um cabelo liso preto feito breu e igualmente estavam seus olhos. Posso jurar que me senti tonta naquele mesmo instante. Seus olhos não me largavam, pareciam me perfurar por dentro, como se estivesse lendo cada informação gravada em minhas células. Mas eu identifiquei uma pontada de raiva com curiosidade passando em seus olhos assim que retribuí o olhar sem conseguir me mexer. O que eu pensei que tinha levado horas, tinham levado o tempo necessário para alguém liberar o espaço que faltava para eu passar. Saí de seu olhar invasivo com certa relutância, meus olhos não respondiam na velocidade de meus pensamentos. Mas consegui, porém não pude deixar de ver seu pequeno sorriso. Ofeguei e cheguei a realidade mais rápida do que eu achava que fosse possivel. Quase corri para minha mesa, mas enfim cheguei. Sim, eu estava tonta. Percebi assim que eu sentei. Tudo em volta rodou e me senti em um navio ou melhor no próprio titanic. Como isso era possivel? Um olhar ter mais efeito do que um avião em plena descida? Eu não conseguia pensar racionalmente, resolvi então que estava na hora de me hidratar, pedi uma garrafinha de água gelada Bebi alguns goles e fiquei bem. Olhei a hora, enfim eram dez e meia. Eu não tinha hora para ir para casa, e pelo visto a noite ia ser longa, caso eu tivesse que encontrar com ele de novo. De repente me senti ansiosa, ansiosa como estavan>
0 felicidades